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Prateleira vazia

08
Dez21

Frankenstein - Mary Shelley

Margarida

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The untaught peasant beheld the elements around him, and was acquainted with their practical uses. The most learned philosopher knew little more. He had partially unveiled the face of Nature, but her immortal lineaments were still a wonder and a mystery.

Bem, por onde começar?

Este é o primeiro livro que termino desde o final de setembro. Três meses se passaram e aqui estamos, com uma história que me marcou como poucas já o fizeram. Uma prova disso foi a quantidade de vezes que tive de pausar a leitura para olhar para o vazio durante uns segundos e me inteirar do que tinha acabado de ler. Este era um dos livros que sabia que ia adorar ainda antes de o começar; apenas não sabia que iria ultrapassar todas as minhas, já altas, expetativas.

A história de Frankenstein e do seu monstro é muito distinta da ideia pré-concebida que tinha, sustentada pelas várias adaptações ao cinema que foram feitas ao longo dos anos.

Mary Shelley criou a história de Victor Frankenstein, um rapaz apaixonado pela ciência e pelo mundo, que experiencia a transformação da sua vida idílica num inferno inescapável após conseguir criar vida na forma de uma criatura grotesca e horrorosa. A sua vontade incessante de se elevar intelectualmente, que culmina com o seu ato digno de um deus omnipotente, transforma-se na sua desgraça.

Why did you form a monster so hideous that even you turned from me in disgust? God, in pity, made man beautiful and alluring, after his own image; but my form is a filthy type of yours, more horrid even from the very resemblance. Satan had his companions, fellow-devils, to admire and encourage him; but I am solitary and abhorred.

A história de Frankenstein é uma profundamente triste e sombria, tanto da perspetiva de Victor como da sua criação. Observamos os dois a serem progressivamente consumidos por vingança, raiva, e acima de tudo, uma tristeza que penetra o mais ínfimo recanto dos seus seres.
Vemos o efeito que a ambição desmesurada e pouco calculada pode ter, o poder transformador que a falta de compaixão e empatia têm num ser que tanto de humano tem e o desgaste que a vingança causa. Vemos a importância da ciência e somos obrigados a refletir sobre onde se encontram os limites desta e se conhecimento absoluto é algo sobre o qual se deva sonhar.

Com Frankenstein, tive a oportunidade de ser assustada pela primeira vez com um livro. O momento descrito por Mary Shelley num dos momentos do 3º volume é tão impactante que me deixou fisicamente ansiosa com a imagem que o meu cérebro pintou do que tinha acabado de ler.

Este livro tornou-se instantaneamente num novo favorito, e espero ter conseguido transmitir o prazer que foi ler algo tão tragicamente belo.

If i cannot inspire love, I will cause fear.