Se numa noite de inverno um viajante - Italo Calvino
Estás para começar a ler a nova publicação deste blog. Senta-te. Desfruta. Aproveita todas as sensações que te trouxer, caro Leitor.
Antes de o começar a ler, tinha sobre a narrativa deste livro uma ideia muito geral: de que era uma história sobre a história de um determinado livro que um determinado leitor estaria a ler.
Bem, tal não está longe na verdade, mas acredito que é uma explicação exageradamente simplificada.
Simplificando mais ainda, este é um livro sobre ler.
Se numa noite de inverno um viajante conta-nos a história de um Leitor que, ao comprar um livro com o mesmo nome do que estamos nós, Leitores, a ler, se depara com um grave erro de edição, tendo sido impressas apenas as primeiras páginas do seu exemplar. O que se segue é uma aventura que toma proporções inesperadamente complexas, que se emaranha num conjunto de pessoas, países, línguas mortas e livros inacabados.
Passei o livro sem saber muito bem o que era real ou não, pois a narrativa destrói completamente a parede que nos separa do que estamos a ler e une, de uma maneira que nunca tinha visto, o real e o fictício.
Somos obrigados a atirar-nos de cabeça e a enfrentar temas como a solidão da leitura, os motivos que nos levam a ler e as falsificações e o valor que a verdade realmente tem.
Antigamente um conto só tinha duas maneiras de acabar: passadas todas as provas, o herói e a heroína casavam-se ou morriam. O sentido último para que remetem todas as estórias tem duas faces: a continuidade da vida, e a inevitabilidade da morte.
Este foi o primeiro livro que li do autor e confesso que não me desiludi: às vezes também gosto de começar um puzzle que é, mais ou menos, impossível de acabar.
Classificação: ★★★★☆